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BUERAREMA E JUSSARÍ: INSTITUTOS DE ERLON BOTELHO ENVOLVEM CONDENAÇÕES, EMENDAS E UTILIDADE PÚBLICA SUSPEITA

 


INVESTIGAÇÃO REVELA COMO SURGIRAM OS INSTITUTOS, SUAS CONDENAÇÕES, REPASSES MILIONÁRIOS E O POLÊMICO RECONHECIMENTO DE UTILIDADE PÚBLICA


A trajetória de Erlon Botelho no comando de institutos supostamente filantrópicos começou em 2007, na cidade de Jussarí, e desde então é marcada por condenações em órgãos de controle, captação de recursos públicos sem comprovação e novos registros de entidades em diferentes municípios.


O caso expõe como um mesmo personagem conseguiu se manter ativo em esquemas de captação de dinheiro público, mesmo após ser condenado.


PRIMEIRO INSTITUTO: FUNDAÇÃO ECOLÓGICA POTURU (JUSSARÍ)


O primeiro instituto de Erlon foi a Fundação Ecológica Poturu, registrada como entidade filantrópica. O estatuto previa atividades ambientais e sociais, mas, segundo apurações oficiais, a entidade se limitava a captar recursos públicos.


Em 2007, o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA) constatou que a Fundação havia recebido verbas da Prefeitura de Jussarí sem prestar contas, no valor de R$ 39.600,00 (trinta e nove mil e seiscentos reais).


📜 Decisão do TCM (trecho oficial):

"Fica o gestor responsável pela devolução da quantia de R$ 39.600,00 (trinta e nove mil e seiscentos reais), aplicada sem a devida prestação de contas, restando a entidade condenada pela irregularidade na execução de convênio firmado com o Município de Jussarí."


Posteriormente, o Ministério Público Estadual (MP-BA) proibiu a Fundação Poturu de exercer qualquer atividade e, especialmente, de receber repasses de dinheiro público.


📜 Decisão do MP (trecho oficial):

"O estatuto em questão incorreu em graves irregularidades, restando vedada a continuidade de suas atividades e o recebimento de quaisquer verbas oriundas do erário."


SEGUNDO INSTITUTO: INSTITUTO CACAU (BUERAREMA)


Mesmo após a proibição da Fundação Poturu, Erlon fundou um novo braço: o Instituto Cacau, registrado ficticiamente em Buerarema, mas apresentado em documentos como se estivesse sediado em Jussarí.


O Instituto Cacau se tornou o principal instrumento de Erlon para captar verbas públicas, sem comprovar sede física, estrutura administrativa ou atividades consistentes.


Recursos já confirmados:


R$ 54.600,00 — repassados pela Prefeitura de Jussarí, gestão do ex-prefeito Antônio Valete.


R$ 25.000,00 — liberados pelo Consórcio CIMA, presidido pelo mesmo Valete.


R$ 300.000,00 — repassados pelo Governo Federal em convênio recente.


R$ 200.000,00 — provenientes de emenda parlamentar via Consórcio CIMA.


A EMENDA PARLAMENTAR DE R$ 200 MIL


No dia 6 de julho de 2025, o Instituto Chocolate divulgou em seu perfil oficial do Instagram a confirmação da emenda de R$ 200 mil destinada ao Projeto Cacau 500, em Arataca, com atuação junto ao Consórcio CIMA.


📸 Publicação oficial (trecho):

"Na pauta, a confirmação de uma emenda parlamentar no valor de R$ 200 mil, voltada exclusivamente para capacitação técnica no projeto. O recurso será usado para formar 40 técnicos especializados em cacau de alta produtividade, que atuarão nos municípios ligados ao Consórcio CIMA. A ação pode impactar direta ou indiretamente cerca de 40 mil produtores da região."


Ou seja, o próprio instituto confirma publicamente o recebimento da emenda, reforçando a necessidade de maior transparência e fiscalização.


UTILIDADE PÚBLICA ESTADUAL


Outro ponto crítico é o reconhecimento de utilidade pública estadual ao Instituto Cacau, concedido pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA).


📜 Documento da ALBA (trecho oficial):

"Reconhece como de utilidade pública o Instituto Cacau, conferindo-lhe prerrogativas legais para fins de celebração de convênios e recebimento de recursos públicos do Estado."


Esse título abre portas para novos repasses de dinheiro do Estado da Bahia, mesmo diante das suspeitas.


Mas aqui surgem questionamentos de grande relevância:


A ALBA se equivocou sobre a cidade de origem do Instituto ou foi induzida a erro por documentos? Afinal, no próprio CNPJ consta Buerarema, mas em alguns registros aparece como se fosse Jussarí.


Como conceder utilidade pública a uma entidade que não possui sede física comprovada? O Instituto não apresenta endereço oficial ativo e sequer escritório para funcionamento.


O Instituto já funcionou em Itabuna de forma clandestina, sem qualquer licença municipal ou documento fiscal que comprovasse sua legalidade. Isso demonstra que atuou à margem da lei, e ainda assim conseguiu o título.


Quais órgãos fiscalizaram essas informações antes da aprovação? A ALBA teve acesso a relatórios de auditoria ou apenas aceitou a documentação apresentada pelo próprio Instituto?


A concessão de utilidade pública estaria servindo como porta de entrada para novos convênios, sem garantias de transparência e execução real das atividades?


Essas perguntas expõem uma possível falha grave na análise e aprovação do título, que deveria passar por critérios técnicos e jurídicos mais rígidos.


QUESTIONAMENTOS LEVANTADOS


Diante desse histórico, surgem dúvidas inevitáveis:


Será que a Assembleia Legislativa da Bahia foi induzida por informações falsas ao aprovar o reconhecimento de utilidade pública?


Até que ponto os repasses por emendas, como a de R$ 200 mil, respeitaram critérios de transparência e fiscalização?


Como uma instituição sem sede, sem documentação e já alvo de denúncias de irregularidades consegue, ainda assim, receber novos títulos e verbas públicas?


A ausência de fiscalização indica apenas descuido ou pode haver conivência política?


CRONOLOGIA DOS FATOS


2007 — Fundação Ecológica Poturu é condenada pelo TCM a devolver R$ 39.600,00 por falta de prestação de contas em Jussarí.


2007 — Ministério Público Estadual proíbe a Fundação Poturu de atuar e de receber recursos.


Gestão Antônio Valete (Jussarí) — repasse de R$ 54.600,00 ao Instituto Cacau.


Consórcio CIMA (Valete presidente) — repasse de R$ 25.000,00 ao Instituto Cacau.


Governo Federal (2024/2025) — convênio de R$ 300.000,00 com o Instituto Cacau.


2025 — emenda parlamentar de R$ 200.000,00 confirmada publicamente em julho.


Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) — aprovação do título de utilidade pública estadual ao Instituto Cacau.


CONCLUSÃO


Desde a Fundação Ecológica Poturu em Jussarí até o Instituto Cacau em Buerarema, Erlon Botelho manteve o mesmo padrão: instituições fictícias, ausência de prestação de contas e captação de recursos públicos.


Mesmo condenado pela Fundação Poturu no TCM e pelo MP, conseguiu novos repasses e até o reconhecimento de utilidade pública estadual por meio do Instituto Cacau.


Enquanto isso, a população sofre com desemprego, falta de atendimento digno nos postos de saúde e carência de serviços básicos, contrastando com a destinação de verbas a entidades sem transparência.


Nosso compromisso é com a verdade. Continuaremos investigando e publicando todos os fatos de interesse coletivo, especialmente quando envolvem o uso do dinheiro público.

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MARCOS ALMEIDA – MTB – 0007604/BA BAHIA NA NET

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